Preciso de ti poesia, para estar sempre junto das ilusões e da verdade. Junto das palavras, das coisas e das pessoas.
Preciso ficar contigo, por isso, nunca se desentrelace da minha mão e que todos os dias reveles tua face para que eu possa descobrir quem sou ou nunca saber de mim. Poesia eu quero o teu sorriso franco que envolve a terra em paz. Quero a liberdade utópica dos amantes, quero a lua vagando silenciosamente pela madrugada sugerindo o amor.
Leva-me alado ao som da tua voz, pelos ventos, pelos campos, ao barulho infindo e perturbador das grandes urbes. Leva-me, poesia, pelas ondas do mar, pelas ondas das rádios, pelas antenas das TVs, à Passárgada, onde serei feliz. Leva-me pelas bocas de ferro, leva-me, ao Boca do Inferno num açoite. Leva-me à boca da noite.
Leva-me poesia, pelas janelas dos ônibus, dos automóveis, no banco da frente, no banco de trás. Leva-me poesia, pela voz mais bela de uma cantoria. Leva-me pelas asas dos aviões, no canto dos pássaros. Leva-me com teus pés ciganos, tantos dias, meses, quantos anos, séculos arcanos... Lva-me poesia, por outras terras, outros mares, até quem sabe eu mesmo me encontrar.
Quero tua presença na porta do tempo, no jardim da vida, no hall do coração sob o sol aos primeiro raios dourando manhãs e engravidando a terra num chão de luz e me embebecendo do elixir puríssimo da tua própria essência.
Preciso de ti poesia e te quero na sombra das árvores acalmando os sentidos. Arvora-me, devora-me em desejos que eu vou te devorar poesia. Quero te comer nua, crua e de ponta-cabeça, te decifrar mulher em frases e letras... feminina... menina... poesiinha...
Poesia, eu, quanto verbo que penso que sou; narcisista que só! Digo: sou teu, e tu és minha, espelho d’água na beleza do meu ser!
No entanto, só eu fico, solitário, só, Sozinho! Tristonho sem ti, me arrastando pelo chão do planeta e pela órbita da terra, catando estrelas para te ofertar.
De pés, oro e imploro, clamo de viés:
– Poesia, poesia, me leva. Ama-me que eu te amo do mesmo jeito que amas a todos que te idolatram. Leva-me e me faz feliz! Leva-me pela vida, me faz poeta!
Leva-me, poesia.
(Renato Gusmão)
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