GASTROPOEMA


É hora de almoço
escorre saliva da boca
entre dentes e desejos
poetas canibais
ignoram o preço
dos poemas no menu

de corpo entreaberto
o alfabeto nu
queima palavras viscerais
de um cérebro cru
frases mastigadas
de livros afiados
triturados em caninos
e línguas cortantes
incessantes metáforas
nas rimas do sol a pino
sina e sino de meio dia

hora embriagada
de sangue das liras
as carnes vomitadas
do estômago
soam poesia

dia a dia uma surpresa
o prato cheio na mesa

(Rodrigo Mebs e Renato Gusmão)

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